Hoje é um daqueles dias que
televisão e redes sociais poderiam não existir. É quase impossível ficar
desconectado, sem saber das notícias sobre a tragédia em Santa Maria, mas ao
mesmo tempo, ver as homenagens e pior ainda, os comentários inúteis feitos
sobre o acontecimento, faz o coração palpitar e não conseguir fazer mais nada. Sozinha
em casa com o meu irmão, que é uma criança, incapaz de entender os motivos pelo
qual choro desesperadamente, a única coisa que me resta fazer é escrever.
Escrever não faz com que nada seja esquecido, mas de certa forma alivia. Eu
realmente adoraria ser menos sensível. Mas não...
Eu não conheço ninguém que estava
naquela boate, mas sinto por todos como se fossem velhos amigos. Penso que o
que aconteceu lá, poderia ter acontecido em qualquer festa que eu já tenha
ido... São nessas horas que percebemos o quão frágil somos perante a vida.
Enquanto alguns reclamam pelo prejuízo de já estarem na praia esperando
ansiosamente pelo Planeta Atlântida que foi transferido, eu paro e penso até que
ponto um ser humano pode chegar. Dinheiro não é tudo. Na verdade, dinheiro não
é nada quando comparado ao que sentimos, ou somos obrigados a deixar de
sentir...
No meio de tantas vítimas,
estavam dois jogadores do Universitários Rugby de Santa Maria. Um deles, conhecido como Vinão,
teria sido um dos primeiros a sair da boate, mas retornou ao local para ajudar
os que ainda estavam lá e não conseguiu mais sair. O rugby gaúcho perdeu dois
grandes guerreiros, e eu, lendo sobre este fato, ainda tenho esperanças de que
ainda existem pessoas boas pelas quais vale a pena derramar a quantia de
lágrimas que já derramei hoje.
O Farrapos jogou no fim de semana
em Embu das Artes pelo Brasil Sevens, com um ótimo desempenho, consagrando-se o
quinto melhor time do Brasil na modalidade Sevens. No domingo, dedicaram os
jogos em homenagem as vítimas do incêndio. Vivendo em meio ao rugby, aprendi
muitas coisas sobre ser forte, perseverante e não deixar-se abalar, mesmo nas
derrotas dentro de campo, que podem ser comparadas com as que acontecem na
nossa vida, devemos caminhar com a cabeça erguida, não com orgulho por ter
vencido, mas por ter lutado e ter dado o seu melhor durante a batalha.
Diante da tragédia que ocorreu no
fim de semana, apenas desejo que todos que partiram estejam em um lugar melhor
do que aqui, e nós, que ainda temos muitas horas de “jogo” pela frente, que
possamos aproveitar da melhor maneira possível, dando prioridade para as coisas
que realmente importam, afinal, dinheiro nenhum compra a felicidade e o amor...
Arrependimento e tristeza nenhuma faz o que perdemos voltar a ser nosso, e
julgamento nenhum é capaz de nos tornar melhor do que ninguém, afinal, isso não
é preciso. O que é preciso é agradecer pela vida que temos e perceber que ela
não está em nossas mãos, o que está em nosso controle, é o modo em que
decidimos vivê-la.